01/11/2012

Manuel Bandeira

É com prazer que eu, Misto-X (diretor, criador, gerente, idealizador e administrador deste blog), anuncio uma nova categoria do blog: "trecho sem apetrecho"
Aqui serão postados textos de autores já consagrados da literatura nacional e internacional.
O nome "trecho sem apetrecho" foi assim entendido pela equipe de comunicação e marketing desta revista eletrônica:
"Trecho" por ser apenas uma pequena amostra da produção bibliográfica do escritor; "sem apetrecho" por não explicarmos ou darmos qualquer informação (útil ou não) sobre a obra ou o escritor.
Os textos serão indicados por cada um dos nossos colunistas (e também por mim).

A indicação de hoje foi feita por Fróid Kinsei Suplincí, o autor é Manuel Bandeira.



Quando estás vestida,
Ninguém imagina 
Os mundos que escondes 
Sob as tuas roupas. 

(Assim, quando é dia, 
Não temos noção 
Dos astros que luzem 
No profundo céu. 

Mas a noite é nua, 
E, nua na noite, 
Palpitam teus mundos 
E os mundos da noite. 

Brilham teus joelhos, 
Brilha o teu umbigo, 
Brilha toda a tua 
Lira abdominal. 

Teus exíguos 
- Como na rijeza 
Do tronco robusto 
Dois frutos pequenos - 

Brilham.) Ah, teus seios! 
Teus duros mamilos! 
Teu dorso! Teus flancos! 
Ah, tuas espáduas! 

Se nua, teus olhos 
Ficam nus também: 
Teu olhar, mais longe, 
Mais lento, mais líquido. 

Então, dentro deles, 
Bóio, nado, salto 
Baixo num mergulho 
Perpendicular. 

Baixo até o mais fundo 
De teu ser, lá onde 
Me sorri tu'alma 
Nua, nua, nua...

 
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