26/10/2011

Diálogos possíveis

Desde que ficou sabendo que seria papai, começou a bolar coisas para a educação do filho.
O tal do falar de sexo era o que mais incomodava sua cabeça: uma educação liberal ou conservadora? Como saber o que a criança teria capacidade de absorver e entender ou o que escandalizaria o infante?
Talvez seu filho não chegasse a tecer qualquer pergunta antes da explosão hormonal, mas por causa da sociedade libertina que seu filho estaria inserido, perguntas cabeludas poderiam ser feitas.

Apenas um conceito resolveu seguir: agir naturalmente, independente do teor da pergunta.
Quando a criança atingiu os sete anos, as primeiras perguntas começaram a surgir:
- Pai, o que é sexo?
- Uai, sexo é gênero, espécie, sabe... tipo homem e mulher, menino e menina, macho e fêmea. Os homens são do sexo masculino. Você é do sexo masculino também, mesmo ainda sendo criança.
- E o que define o sexo?
- Ué... um monte de coisa. Você acha que as meninas são iguais a você?
- Não.
- Então... é isso que define o sexo.
- Então o Vitor é menina.
- Como? Quem é Vitor?
- Meu colega. Ele brinca de bonecas.
- Hum... Mas ele dá gritinho de mulher? Porque talvez ele apenas esteja apenas ajudando as meninas a imaginarem uma boa situação para brincar de bonecas; vai ver ele é muito imaginativo e as meninas aproveitam disso na brincadeira...
- Não, ele não dá gritinho de mulher. Mas o Marcelo dá.
- Outro colega seu?!
- Não, ele é de outra turma, é mais velho. Um dia ele até foi no banheiro de meninas. Deve ter uns dez, doze anos. Até bolsinha ele pega emprestado das meninas só pra ficar usando na escola na hora do recreio. Ele é mulher né?
- Uai, você mesmo está falando que é ELE, se é ELE então só pode ser homem. Se fosse mulher seria ELA, não é?!
***

- Pai, homem e mulher faz sexo?
- Faz sim.
- E por que fazem sexo?
- Hum... deve ser porque gostam. Se não gostassem não fariam. Tem gente que não gosta, então não faz.
***
- Pai.
- Diga.
- Por onde sai o neném?
- Depende de onde ele está. Se ele estiver no armário, sai pela porta; se estiver no berço, sai por cima, quando alguém pega ele; se estiver numa garrafa, sai pela boca da garrafa. Tem sempre um lugar para o neném sair, e se não tiver, a gente abre um que ele sai.

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07/10/2011

Novos colaboradores

É com grande prazer que anuncio a todos que este blog contará com novos colaboradores.
A escrita aguçada e as observações precisas do Dr. Importuno levou outras importantes personalidades a aceitarem o convite para escreverem periodicamente no blog.
Nossos novos colaboradores permanecerão com a ideia de mostrar uma visão diferenciada das coisas e do mundo. 

Sr. Dr. Prof. PhD Carlos Marxnífico - Marxista convicto e invicto nos debates que participou, irá mostrar a todos a superioridade e a irrefutável verdade da visão marxista do mundo.
A sociedade como ela é; o homem como deveria ser.

Dr. Fróid Kinsei Suplincí - sexólogo, terapeuta de casais, biólogo (com extenso estudo sobre amebas) e tem por hobby a psicologia.
Pretende deixar claro o "homem animal espiritual sexual uno com o 'eu si' e o 'eu outro', provido de sentido de procriação eterna da raça mais bela dos mundos existentes".

Além desses colaboradores, continuaremos com outros textos avulsos.
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Misto-X (pronuncia-se "misto xis") é diretor, criador, gerente, idealizador e administrador do blog Miojo Mole.

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03/10/2011

Dr. Importuno #5


Hoje vou fazer algo diferente. Vou tecer rápidos comentários sobre um filme muito cultuado no meio cinematográfico alternativo (ou não): Juno
 ‘O drama da gravidez na adolescência’ – dizem alguns.
Na realidade, apenas gostaria de fazer uma observação digna de minhas observações.
Juno (Ellen Page) está com o namorado pastel Paulie (Michael Cera).
Num dado momento, ela arria a calça e a cueca do bocó e dá uma sentada no colo dele. 

O filme dura mais de 90 min., e a cena de sexo acho que não deve durar mais de 1 min.
Isso significa que quem assiste ao filme passa mais de uma hora vendo apenas reclamações da Juno acerca de sua gravidez, dos inconvenientes de se ter um filho.
Como num passe de mágica, a vagabunda se faz de completa vítima de uma terrível situação, e um monte de espectador bobalhão compra tal idéia.
Ela sofre com a idéia de ter um filho, ela sofre com a idéia do aborto, ela sofre com  a idéia de ter que carregar aquele ente em seu ventre durante nove meses, ela sofre em ter que entregar aquela criança a outra pessoa...
Tanto sofrimento pelo gozo de uma sentada... e a culpa não é da Juno, mesmo tendo baixado a calça, a cueca e sentado no colo do bobão.

Para ajudar a ludibriar os cinéfilos bobalhões, a trilha sonora insiste em sons e palavras que acentuam a trágica situação que o destino, os hormônios, a sociedade – ou qualquer outra coisa que não a própria Juno – levou.
 Se você não percebeu a culpa da Juno ou acha que ela é pouco responsável por tudo que passou, sinto em informar, mas você é apenas mais um frangote idiota no mundo.

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